sexta-feira, 26 de novembro de 2010

Homens, mulheres e seus desencontros



Pesquisas mostram que as brasileiras, diferentemente das alemães, acumulam funções. Em países como a Alemanha, o número de mulheres que opta por não ter filhos, por conta do investimento na carreira, é cada vez maior. Geralmente, quando alcançam o esperado sucesso profissional, já é tarde para ter filhos. Os números mostram que 44% das alemães com formação universitária não tem filhos. Na Alemanha e em alguns outros países, como a França, a opção por não ter filhos é culturalmente aceita, enquanto que, no Brasil, o valor da mulher ainda deriva do fato de ser esposa e mãe. Segundo a antropóloga Miriam Goldemberg, os homens são socializados com futebol e outros jogos competitivos, enquanto que as mulheres são socializadas com novelas, romances de banca, como Sabrina (que até hoje vende muito!) e filmes como “Sex and the city”, que mostram mulheres idiotizadas a procura do príncipe encantado.

Na nossa cultura, o valor da mulher vem do fato de ela possuir um bom homem ao lado, que quer dizer, ser bonito, esperto e bem sucedido, o qual ela expõe como um troféu. O movimento feminista tinha o objetivo de fazer com que as mulheres recusassem o lugar de 2º sexo ou sexo frágil e também os papéis de esposa e mãe como principais em suas vidas. Vemos que hoje, outros assuntos estão em pauta na vida das mulheres como carreira, dinheiro e consumo, porém, elas estão complicadas, principalmente aqui no Brasil, onde ainda se vêem na obrigação de mostrar ao mundo que “dão conta de tudo”. Atolam-se em suas diversas funções e reclamam 24 horas por dia! Pesquisas mostram que ainda no espaço doméstico, são elas que mandam, enquanto que em espaços sociais vemos cada vez mais a distância entre homens e mulheres diminuir.

A entrada da mulher no mercado de trabalho tornou-as exigentes e independentes e isso causou e causa muitos conflitos nas relações afetivas com os homens. Os homens têm reclamado bastante que elas têm muitas demandas, reclamam de tudo e que eles não conseguem satisfazê-las nunca, enquanto elas reclamam que falta homem interessante no “mercado” e que eles priorizam outras coisas, como futebol e amigos, ao invés da relação a dois. O que se vê é que os jovens continuam querendo casar, porém os casamentos têm durado menos tempo, porque homens e mulheres estão muito exigentes e, em conseqüência disso, muito intolerantes e insatisfeitos. É preciso que estejamos abertos a novas formas de relacionamento, onde o diálogo e a liberdade de ser do outro sejam respeitados.

quinta-feira, 26 de agosto de 2010

QUESTÃO DE LIMITE - ARTIGO DO O GLOBO

Qual será a sociedade do futuro se hoje os pais não construírem limites para seus filhos? Talvez uma sociedade de adultos despreparados para as incertezas da vida e sem consciência de que o mundo não gira em torno deles. Mas qual a saída para ajudar pais e responsáveis nessa difícil missão de educar crianças cada vez mais conectadas pela tecnologia a diferentes realidades e estímulos? Existem inúmeros caminhos de suporte educacional distantes da maioria da população, mas, ao propor a Lei da Palmada ao Congresso Nacional, proibindo o uso de castigos corporais sem dar às famílias subsídios para adotarem um comportamento diferenciado na hora de impor limites às suas crianças, o governo está apenas criando mais um assunto para as rodas de psicólogos e especialistas no tema.

Muitos pais na infância viveram a rotina da palmada para aprender o que não “deve ser feito”, desconhecendo outras soluções educativas. Se não viveram essa rotina na infância, para muitos a palmada é apenas o reflexo da falta de paciência para optar pelo caminho do diálogo, situação muito comum nos dias de hoje, em que a maioria dos pais trabalha fora e passa grande parte do tempo longe de casa. Muitos, inclusive, exatamente por estarem ausentes quase em tempo integral, se sentem culpados por isso e preferem até mesmo não impor limite algum.

Paralelamente, uma lei desse tipo gera outras situações controversas. A falta de informação sobre as regras que estabelece pode, amanhã ou depois, levar um filho a agredir um pai e achar-se no direito de ameaçá-lo de denúncia se ele retrucar.

Por outro lado, o que um pai considera como “palmada”, para outro pode ser considerado uma agressão mais violenta, e vice-versa. Cada um tem uma concepção diferente. Não dá para colocar a questão da educação e da saúde da criança e do adolescente “num mesmo saco”. Além disso, é utópico imaginar que uma lei dessa natureza conseguirá interferir na rotina pré-estabelecida das famílias.

Prática corriqueira na educação do passado, a partir do fim do século XX a punição física passa a ser mal vista por psicólogos e profissionais da educação, assim como qualquer castigo físico direcionado às crianças. É a partir da década de 80 que começam a surgir os primeiros programas específicos para atendimento dessa problemática e, em 1990, é criado o Estatuto da Criança e do Adolescente.

Seja qual for o caminho pedagógico ou psicológico adotado, uma coisa é certa: criança precisa de limites.

Mas um limite saudável. E, muitas vezes, dar uma palmada significa meramente aplicar um castigo, e não impor o limite efetivamente.

É preciso levar a público, de forma massificada, que existem formas saudáveis de se impor esses limites, seja através de campanhas educativas, realização de terapias direcionadas em unidades públicas voltadas para as famílias ou interferências dos poderes públicos nas políticas de ensino e pedagógicas. É possível construir uma sociedade sem violência doméstica e com cidadãos mais bem preparados para a vida. Mas, assim como educar, isso dá um baita trabalho.

Luciana de La Pena

terça-feira, 24 de agosto de 2010

“Eu vivo por ele! “: amor ou dependência afetiva?

Muitas pessoas procuram psicólogos por problemas afetivos, seja por que amam demais, seja por que amam de menos. Com o tempo, escarafunchando suas queixas, percebemos que, muitos desses que dizem que amam, no fundo, dependem afetivamente de outra pessoa. Mesmo em situações onde a dependência patológica é clara, a pessoa não consegue se livrar daquele relacionamento, pois se sente totalmente presa a ele.
No livro “Amar ou depender”, Walter Riso, um terapeuta que atua na Colômbia, compara os dependentes afetivos aos drogadictos ou viciados. “O vício afetivo tem as características de qualquer outra adição, mas com certas peculiaridades.” Quando uma paciente chega a seu consultório e lhe pede para ajudá-la a deixar de amar aquele homem que a maltrata tanto, Walter Riso responde que isso é impossível. Não podemos esperar deixar de amar e, sim, desenvolver nossa autoestima, autorrespeito e controle emocional para nos fortalecermos e percebermos que o que sentimos não é amor e sim dependência afetiva. “O viciado deve deixar de consumir, mesmo que seu organismo não queira fazê-lo.”

Quando perguntadas sobre o que seria uma boa relação amorosa, a maioria das pessoas responderia que é aquela baseada no amor. Porém, somente o amor não basta para a construção de uma relação saudável, é preciso respeito, sinceridade, comunicação clara, afinidade de gostos, etc. O que adianta o amor em sua forma pura? A vida é bem mais real do que isso! Desconfiemos daquelas pessoas que falam em alto e bom tom coisas tipo: “Vivo por ele e para ele”, “Ela é tudo para mim”, “Ele é a coisa mais importante da minha vida”, “Não sei o que faria sem ela”, “Se ele me faltasse, eu me mataria” e tantas outras ...

Segundo Walter, o diagnóstico da dependência está baseado nos seguintes pontos:

1. A dependência só aumenta com o decorrer do tempo, apesar dos maus tratos;
2. A ausência do parceiro causa enorme sofrimento;
3. Há o desejo de deixar o outro, mas as tentativas são em vão;
4. Grande investimento de tempo e esforço para poder estar com o outro;
5. Redução de seu desenvolvimento familiar, social e profissional.

Várias são as causas da dependência afetiva: imaturidade emocional, baixa autoestima, baixa tolerância ao sofrimento, à frustração, medo do abandono, etc. Ao invés de só buscar as causas, é importante perceber se aquela relação me faz crescer como pessoa e ao outro também. É preciso escutar os sinais do mundo, amigos e parentes sempre dão sinalizações de como estamos. É preciso que fiquemos atentos. E quando o sofrimento for maior do que a alegria numa relação amorosa, procure ajuda profissional, pois certamente esse padrão de relacionamento vem se repetindo há algum tempo em sua vida!

Termino com um texto do próprio Walter:

“A convivência não é um panaceia, mas tampouco é infelicidade total. O amor é um processo em ebulição permanente, vivo e ativo, no qual traçamos a cada instante nosso ecossistema afetivo, nosso lugar no mundo. É a operação pela qual nos adaptamos ao outro, sem deixarmos de ser nós mesmos. Podemos nos encaixar sem nos violentar, nos adaptarmos devagar e com ternura, como quem não quer ferir nem ser ferido. E essa união maravilhosa de ser dois que parecem um somente é possível compaixão e sem dependência afetiva.” (pp163)

quarta-feira, 18 de agosto de 2010

ALIENAÇÃO PARENTAL




O psiquiatra Richard Gardner, em 1985, denominou como síndrome da alienação parental, o processo que consiste em programar uma criança para que odeie o genitor sem qualquer justificativa. Trata-se de uma verdadeira campanha para desmoralizar o genitor. O filho é utilizado como instrumento de agressividade direcionada ao parceiro. A criança que ama o seu genitor é levada a afastar-se dele, que também a ama, gerando contradição de sentimentos e destruição do vínculo entre ambos.

Os casos mais frequentes da síndrome de alienação parental estão associados a fatores e situações onde a ruptura da vida conjugal gera em um dos pais uma tendência vingativa muito grande contra o outro parceiro. Quando um dos genitores não consegue elaborar adequadamente o luto da separação, desencadeia um processo de destruição, vingança, desmoralização e descrédito contra o outro. Para compreender psicologicamente o que ocorre nesta síndrome, é necessário entender o que ocorre no momento anterior ao processo de separação conjugal.

Para Féres-Carneiro (1998), na situação de separação, o pior conflito que os filhos podem vivenciar, é o “conflito de lealdade exclusiva” quando exigida por um ou ambos os pais. No momento do divórcio, alguns casais não conseguem distinguir com clareza a função conjugal e a função parental. Esse é um dos maiores problemas para os filhos, pois produz uma grande confusão.

É necessário que homens e mulheres, quando separados, lembrem-se que continuam em suas funções de pai e mãe. A família é constituída de vários subsistemas, entre eles, o conjugal e o parental. Quando um casal se separa, o holon conjugal desfaz-se, porém o parental continua em novo formato. É preciso que pais e mães cuidem e preservem a saúde mental de seus filhos e entendam que o vinculo com o outro genitor é extremamente importante para a vida de seus filhos.

quinta-feira, 5 de agosto de 2010

A dislexia emocional: Deixe de ser criança!

Você é o adulto confiante e confiável que sempre achou que seria, ou a vida muitas vezes o deixa desconcertado?
Você fica frustrado porque acha que deveria ter mais controle?
Você se sente embaraçado ou infeliz quando reage de determinadas formas, mas descobre que não consegue impedir que isso aconteça?

É com essas três perguntas impactantes que Helen Kramer inicia seu livro “Deixe de ser criança”. Usando o termo dislexia emocional, ela explica como adultos podem comportar-se emocionalmente como crianças. “A dislexia emocional é um impedimento fundamental para que uma pessoa atinja uma maturidade plena. É o motivo que o leva a explodir quando deseja sentir-se calmo, a ter medo quando quer ser corajoso ou a sentir-se frustrado ao invés de bem-sucedido.”
Nosso processo de aprendizagem inicia-se quando nascemos e se dá na troca com o meio. Primeiro na troca com os pais e, principalmente, com a mãe ou quem cuida do bebê. Com o passar do tempo as trocas se dão com o meio ambiente. Porém, os bebês não sabem que suas mães vão lhe alimentar quando estão com fome, e, por isso, choram. Com o passar do tempo e desenvolvimento de sua memória, eles começam a chorar menos, porque sabem que suas mães virão com a mamadeira. Segundo a própria autora, a vida torna-se dramática por não ser ainda compreensível para uma criança. “A vida é verdadeiramente dramática para a criança devido à sua incapacidade de controlar-se e de controlar o ambiente em que vive.”
Pessoas “disléxicas emocionalmente” são aquelas que não sabem lidar com as mudanças que acontecem em suas vidas e agem como crianças. Tornam-se dependentes e impotentes e agem melodramaticamente diante de situações que requerem certo controle emocional. Todos nós podemos passar por isso. Segundo palavras da autora, ninguém é perfeitamente equilibrado todo o tempo. Muitas vezes vemos pessoas bem-sucedidas em seus trabalhos e super infantilizadas dentro de casa; executivas de grandes empresas brigando com seus namorados porque ele não ligou na hora combinada, um grande médico brigando no trânsito por causa de uma “fechada”.  A maioria das pessoas têm certa área onde percebem que não tem controle e onde as respostas emocionais são infantis.
É preciso que conheçamos aonde somos frágeis, já que certas situações sempre se repetem.  Passamos a vida repetindo as mesmas situações que nos impedem de crescer e só mudamos personagens e cenários. Crescer e virar adulto é difícil e não vem com manual. A psicoterapia nos ajuda a encarar nosso medos, ampliar nosso recursos e assumir quem queremos ser, independente do que dizem que é o certo. “Em nossa sociedade, estamos constantemente transformando seres humanos comuns em heróis e ficando desapontados quando não correspondem às nossas expectativas (...) Ficamos zangados quando nossos heróis nos decepcionam, porque estamos procurando modelos de poder baseados em nossas percepções infantis.”
Acalme-se: você é apenas um ser humano!

quarta-feira, 4 de agosto de 2010

Por uma nova paternidade

Inspiradas pelo Dia dos Pais e pela volta às aulas das crianças, depois de um período de férias, gostaríamos de destacar a importância da figura paterna na educação dos filhos. Devido às mudanças dos últimos tempos, os homens têm dividido, cada vez mais, as tarefas domésticas com suas esposas, já que ambos trabalham fora. Essa mudança no cenário caseiro vem exigindo uma redefinição de papéis, principalmente o paterno. Várias funções, antes femininas, têm sido repassadas aos homens, principalmente em relação aos cuidados com os filhos (Jablonski, 1999).
Porém, ainda é grande a ausência paterna. Ela é muito estudada quando se dá o divórcio, na medida em que há significativo afastamento entre pai e filho, mas também nos casos de pais que moram na mesma casa de seus filhos. Eles ainda são dispersos quando se trata das atividades escolares, culturais e de lazer de seus rebentos. Ainda é a mãe a grande figura presente na vida dos filhos.
Pesquisas (Lamb, 1997; Black, Dubowitz&Starr, 1999; Marshall, English&Stewart, 2001) demonstram que pais que acompanham o desempenho acadêmico dos filhos promovem um melhor rendimento dos mesmos. Tais resultados demonstram a importância do pai para o desenvolvimento escolar dos filhos e apontam para a necessidade de educar os homens para conhecerem as muitas ações que podem melhorar seu desempenho enquanto pais.
É preciso diálogo e participação na vida do filho. Participação quer dizer mostrar interesse, perguntar sobre o dia do filho, auxiliá-lo, tirar suas dúvidas, etc. Foi verificado que crianças com melhor desempenho escolar têm mais apoios em casa além do apoio da mãe.
Devemos chamar atenção não só para as famílias, mas também para as escolas, que têm papel fundamental em alertar os pais “homens” de sua importância no desempenho afetivo, social e acadêmico de seus filhos. Uma nova paternidade se anuncia, com um pai não só provedor, mas um pai participativo, interessado e amoroso.

sexta-feira, 30 de julho de 2010

Crianças: futuros adultos tiranos?

Só podemos falar de geração narcisista, se pensarmos na relação existente entre essas crianças e adolescentes e seus pais. Esses aprendem seus modos de existência a partir dos modelos que são transmitidos por essas figuras tão importantes, seus pais. Porém, todos esses personagens estão inseridos dentro de uma cultura e só podem ser compreendidos dentro da mesma. Há uma correspondência entre a idéia de infância e juventude na nossa sociedade e as estratégias de pais para cuidarem de seus filhos.

Voltando um pouco à história, verificamos que muitas mudanças ocorreram nos últimos tempos que influenciam os modos de vida pessoal e familiar dos sujeitos. Segundo Giddens, “entre todas as mudanças que estão se dando no mundo, nenhuma é mais importante do que aquelas que acontecem em nossas vidas pessoais - na sexualidade, nos relacionamentos, no casamento e na família. Há uma revolução global de curso no modo como pensamos sobre nós mesmos e no modo como formamos laços e ligações com outros. É uma revolução que avança de maneira desigual em diferentes regiões e culturas, encontrando muitas resistências.” Giddens denomina “mundo em descontrole” a esse conjunto de transformações sócio-culturais que afetam nossas relações intimas, exigindo transformações que encontram resistências.

Em relação à relação pais e filhos, podemos dizer que esse é um assunto razoavelmente recente em termos de história. Na família tradicional, as crianças careciam de direitos, assim como as mulheres. As crianças não eram reconhecidas como indivíduos e, como a taxa de mortalidade infantil era muito alta, pouca importância se dava a elas. De lá para cá muita coisa mudou. O foco passou a ser a família nuclear, ou seja, papai-mamãe-filho e amar passou a ser função da família e não só as trocas econômicas. Os filhos passaram a ser indivíduos que precisam de proteção. A Psicologia também foi responsável por isso ao destacar o período da infância e sua importância no desenvolvimento emocional de um ser humano. A forte tendência psicologizante que tomou conta tanto da literatura leiga quanto das publicações científicas sobre o assunto confundiu os pais, levando-os a uma postura excessivamente liberal, com sérias dificuldades em impor limites aos filhos.

Segundo Giddens, “na família tradicional, os filhos eram uma vantagem econômica. Hoje, nos países ocidentais, um filho, ao contrário, representa um grande encargo financeiro para os pais. A decisão de ter um filho é muito mais definida e específica do que costumava ser, e é guiada por necessidades psicológicas e emocionais. Os temores acerca do efeito do divórcio sobre os filhos e a existência de muitas famílias sem pai têm de ser compreendidos contra o pano de fundo das expectativas muito mais elevadas que temos com relação ao modo como as crianças deveriam ser cuidadas e protegidas.”

Portanto, voltando ao início, penso que os pais encontram-se perdidos ainda em achar o tom que deve ser dado na relação com seus filhos. Como hoje os filhos são desejados e planejados e feitos para serem amados e não mais para dar dinheiro a suas famílias, pais não conseguem conjugar os verbos amar e educar. Educar pressupõe dar limites e sustentar sua posição e até ser odiado por seu filho em algum momento por frustá-lo. O que percebemos ao nosso redor, seja na clinica ou em rodas de amigos, é que as crianças viraram verdadeiros “tiranos”, são eles que mandam em casa, eles são o centro das atenções, a eles não pode faltar nada. Fortalecidos recentemente pelo projeto de lei que proíbe as palmadas e retira dos pais o direito de resolverem o que fazer com seus filhos, estamos criando verdadeiros deuses intocáveis, futuros bad boys.

terça-feira, 27 de julho de 2010

A dor de perder alguém querido!

“Depois de um incêndio, aparece uma nova flora, depois da erupção de um vulcão, a paisagem se modifica, depois do desaparecimento das raposas, os ratos proliferam, depois da morte de um parente, a família se reorganiza.” (Cyrulnik, 2009, 23)

Embora saibamos que vivenciaremos perdas ao longo de nossas vidas, lidar com elas diretamente sempre é muito difícil. Toda perda de um ente querido abala profundamente nossa existência, lembrando-nos que somos finitos e impotentes diante dessa dura realidade da vida. Separar-se de alguém significativo em nossas vidas e aprender a viver sem ele é uma experiência dolorosa, porém necessária. Somente através do processo de luto conseguimos seguir em frente, dando significado e elaborando aquela perda.

Pouca atenção se dá ao processo de luto em nossa sociedade. Hoje, através de uma visão sistêmica, sabemos que os eventos estressores que ocorrem com um indivíduo afetam todo seu sistema, principlamente o familiar, causando danos nos âmbitos afetivo, físico, comportamental, social e espiritual. Não nos damos conta de que, muitas vezes, um processo de luto mal elaborado gera graves danos em gerações seguintes, produzindo uma maneira particular de lidarem com processos de transição. A maneira de uma pessoa e sua família lidarem com seus processos de luto depende de suas crenças e da possibilidade do sistema estar aberto para construir novas.

Atrapalhados pela cultura e por uma sociedade que só pensa em ganhos e acúmulos, as pessoas que perdem outras se sentem, muitas vezes, discriminadas e acabam isolando-se. O sentimento de solidão é o mais frequente em casos de perdas significativas. A maioria dos amigos cumpre os rituais, como velório, enterro e missa de sétimo dia e depois não acompanham mais o enlutado, por dificuldade de falarem sobre aquilo, por não saberem o que dizer, ou por não saberem lidar com aquele horror, pensando que podia ser com eles. Por isso, a rede social em volta é de extrema importância para o enlutado na hora da perda de alguém significativo, ajudando-o no processo de elaboração e reconstrução de sua vida, fornecendo uma sensação de continência.

O conceito de resiliência, em Psicologia, nos fala da capacidade de transformar-se, integrando as vivências traumáticas. Ao mesmo tempo em que elas podem ser um risco para a saúde das pessoas que sofrem perdas, podem tornar-se oportunidade de crescimento, fazendo com que o indivíduo descubra recursos que nem sabia que tinha, ampliando seu modelo de self. Elaborar a perda implica defrontar-se com nossa falsa onipotência, com o fato de que o mundo e os seres queridos não estão sob nosso controle. Em última instância, significa depararmo-nos com a possibilidade do limite total, a morte.

terça-feira, 20 de julho de 2010

O projeto de lei polêmico que levanta a mão contra a palmada

Não se fala em outra coisa em rodas de pais e mães, o novo projeto de lei nº 2654, da deputada Maria do Rosário. O projeto de lei revê o artigo 18 do Estatuto da Criança e Adolescente (ECA) que diz: “É dever de todos velar pela dignidade da criança e do adolescente, pondo-os a salvo de qualquer tratamento desumano, violento, aterrorizante, vexatório ou constrangedor.” Pelo novo texto fica vedado aos pais usar castigos corporais de qualquer tipo na educação dos filhos, estabelecendo o direito da criança e do adolescente a não serem submetidos a qualquer forma de punição corporal, mediante a adoção de castigos moderados ou imoderados, sob a alegação de quaisquer propósitos, ainda que pedagógicos, e dá outras providências.”
Prática corriqueira na educação do passado, a partir do final do século XX, a punição física passa a ser mal vista por psicólogos e profissionais da educação, assim como qualquer castigo físico direcionado às crianças.  É a partir da década de 80 que começam a surgir os primeiros programas específicos para atendimento dessa problemática e em 1990 é criado o Estatuto da Criança e do Adolescente.
Segundo Carmem Oliveira, subsecretária de Promoção dos Direitos da Criança e do Adolescente: “Nossa preocupação não é com a palmada. Nossa preocupação é com as palmadas reiteradas, e a tendência de que a palmada evolua para surras, queimaduras, fraturas, ameaças de morte".
Polêmico desde o início, questionamos que tipo de pai esse novo instrumento vai pegar, já que o Código Penal já prevê e pune quando há situação de maus-tratos à criança - vide o caso da procuradora Vera Gomes, tão explorado na mídia. Outro ponto polêmico e no qual os pais que ouvimos tem discutido é até onde vai a interferência e o poder do Estado na educação de seus filhos. Segundo a advogada Renata di Pierro, em entrevista à revista Veja, “ (...) a lei confronta o poder familiar, que é o direito do pai e da mãe de exercer sua autoridade”. Indo um pouco mais além, filhos adolescentes rebeldes também podem usar a lei para punirem seus pais e livrar-se dos limites impostos por eles.
Bem, muita discussão ainda deve haver a fim de tornar este projeto mais claro e definir os limites do que á castigo físico e em que situações os pais se excederam. Psicóloga do Instituto de Psiquiatria da USP, Jonia Lacerda, defende a palmadinha em crianças de até 5 anos de idade, que ainda não tem a capacidade intelectual para entender conceitos abstratos. “Lançar um olhar mais duro, segura-la pelo braço ou mesmo dar um tapa leve no bumbum pode ser mais adequado e eficiente do que discorrer durante horas sobre uma regra que ele infringiu”.
A discussão está apenas começando ...

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Women In Art



Women in Art


Philip Scott Johnson (2007)

La vidéo "Women in Art", réalisée par Philip Scott Johnson, est une hymne impressionnante consacrée à l'histoire de l'art à travers l'image de la femme.
La musique est celle de Yo-Yo Ma jouant la Sarabande de la Suite pour Violoncelle n° 1 de Bach.

domingo, 11 de julho de 2010

A IMPORTÂNCIA DA FAMÍLIA: ANALISANDO O "CASO BRUNO"


O caso do goleiro Bruno nos leva a discussões infinitas sob diversas perspectivas. Podemos falar da idealização do jogador de futebol, da busca pela fama, do desequilíbrio entre formação acadêmica e salário num país tão pobre como o nosso, traição, psicopatia e tantos outros. 
O comportamento do jogador nos assusta pela frieza e pela calma com as quais apareceu diante das câmeras de televisão, mas mais ainda nos assusta sua história familiar. Ele foi abandonado pelos pais quando tinha três meses de vida e criado pela avó paterna. O pai, que já é falecido, teve a prisão pedida sete vezes e a mãe foi investigada por tentar matar a tiros uma mulher em 1996, após uma noite regada à cocaína, além de ser alcoólatra. Seu irmão foi preso há dois anos por roubo. Histórias polêmicas fora do campo preenchem seu currículo. Em 2008, após festa em seu sítio na qual uma garota de programa foi agredida por outro jogador de futebol e prestou queixa, disse: Quem nunca brigou ou até saiu na mão com uma mulher.”
A família é responsável por funções como proteção, afeto e formação social e se constitui como uma das principais bases da vida psíquica das pessoas e espaço privilegiado na transmissão de valores, propiciando a construção de um modelo relacional transmitido aos filhos e a suas gerações seguintes. É preciso que os pais desenvolvam a autonomia de seus filhos, não se esquecendo de lhes dar proteção, tudo numa boa medida. É esse binômio que faz com que crianças tornem-se adultos independentes, confiantes e saudáveis. Através desse suporte, filhos sentem-se amados e tornam-se pessoas capazes de amar porque desenvolvem uma boa auto-estima.

Por outro lado, famílias denominadas na Psicologia por disfuncionais podem transmitir normas desviantes através do modelo de comportamento dos pais para os filhos. Os problemas de vinculação familiar advêm, em sua maioria, daqueles lares onde faltam habilidades para a criação dos filhos, reduzindo as chances de transmissão efetiva de normas sociais saudáveis.

O caso Bruno nos faz pensar na enorme importância da família e de sua função no cenário social como propagadora de valores, já que é em seu território que se formam os primeiros cidadãos. Uma história de abandono familiar aliado a uma rápida e espetacular ascensão social, dentro de uma sociedade com falta de ídolos positivos, somado a  características pessoais não pode produzir um ser humano sensível, ético e capaz de amar e ser amado. Precisamos cuidar de nossos filhos !

Currículo numa mão e fraldas na outra: Mães de volta ao lar


Sabemos que cada vez mais as mulheres crescem num terreno anteriormente dos homens: o do sucesso profissional. Não ocupam mais cargos abaixo ou empregos de meio expediente para voltarem correndo para casa. Hoje as mulheres concorrem lado a lado com os homens na disputa de cargos altos nas empresas. Por isso mesmo, torna-se cada vez mais difícil conciliar maternidade e carreira em tempos atuais.
A revista Veja desta semana publicou matéria falando da nova mulher que surge, as mães em tempo integral. Ex-executivas, profissionais liberais ou empresárias, elas abandonam suas profissões para cuidar dos rebentos, embora pensem em retornar às mesmas logo assim que eles cresçam. Segundo o IBGE, cresceu em 26% o número dessas mulheres na última década.
Porém, essas mulheres não são aquelas dos anos 60 que não tinham espaço no mercado de trabalho e que eram “obrigadas” socialmente a ter filhos. Segundo Beatriz Cardella, gestalt-terapeuta, “ter filhos deixou de ser uma obrigação social para se tornar uma opção muito vinculada à idéia de plenitude – experiência que as mulheres querem viver intensamente”.
Carregadas de culpa e de enormes conflitos, a maioria das mulheres (60%) ainda retorna ao trabalho depois de terem seus filhos, apesar desse novo cenário. Para essas mães, preocupadas com suas ausências, o Senado aprovou proposta de emenda constitucional que amplia de quatro para seis meses o prazo de licença-maternidade. A proposta segue para a análise da Câmara dos Deputados. A autora do projeto, Rosalba Ciarlini (IDEM-RN) que era médica pediatra antes de se tornar política, justificou sua proposta pela observação de que as mães retornam ao trabalho mais produtivas depois de passarem mais tempo com seus filhos, além da importância do período de 6 meses de amamentação para a saúde do bebê.



quinta-feira, 17 de junho de 2010

Homens e mulheres: Diferentes sim, por que não ?

É muito comum ouvirmos homens dizendo que preferem conversar com seus amigos e que tem muita dificuldade em entender as conversas de suas mulheres com suas amigas. Em restaurantes e bares, assistimos comumente a mesas divididas entre os clubes do “Bolinha” e da ”Luluzinha”.

Deborah Tannem, especializada em linguística, estuda as diferenças entre homens e mulheres no que concerne às diferenças em seus discursos. Em sua pesquisa de mais de três décadas, ela descobriu que o discurso deles tende a se concentrar na hierarquia, enquanto que o das mulheres dá prioridade à conexão com o interlocutor.

Assistindo a conversas entre meninos e meninas, percebemos isso claramente. Meninos disputam para confirmar quem foi mais vezes à Disneylandia ou qual pai tem o carro mais potente, enquanto meninas buscam semelhanças entre suas vidas. Uma menina pode mentir dizendo que seu irmão tem o mesmo nome do da outra, simplesmente como sinal de boa vontade para com a amiguinha.

Essas diferenças entre hierarquia e conexão causam bastantes mal entendidos nos relacionamentos entre homens e mulheres na resolução de problemas, por exemplo. Mulheres desabafam com outras com o objetivo de tornaram-se mais próximas enquanto os homens estão preocupados em ter alguma solução para aquele problema que seu amigo lhe conta. Por isso, homens não entendem quando nós, mulheres, chegamos em casa e queremos conversar sem nenhum objetivo mais premente, simplesmente queremos estar mais próximas, enquanto eles querem logo saber aonde aquela conversa toda vai dar!

Apesar dessa diferenças, a autora vê similaridades entre os discursos masculino e feminino. Homens também querem se conectar e mulheres também querem ter poder, porém a forma de atingir esses objetivos é diferente. “Mulheres respondem às amigas: “isso também aconteceu comigo”, enquanto homens respondem: “ o que aconteceu comigo foi bem pior” a um desabafo de um amigo. A diferença está em que a forma de ser mais poderosa das mulheres é mais sutil e disfarçada, enquanto que a forma de se conectar dos homens é mais competitiva e agressiva.

Meninos e meninas são diferentes e semelhantes em muitas coisas. Entender a diferença de como surgem as distinções entre os sexos, baseadas na biologia, na neuroquímica e na cultura faz com que fujamos dos estereótipos e facilitemos o encontro entre homens e mulheres.



terça-feira, 1 de junho de 2010

O amor, um conceito careta hoje!


Não podemos esquecer que somos seres sociais, incluídos em uma cultura consumista, que nos diz o tempo todo para consumirmos mesmo que não precisemos daquele objeto, porque assim seremos felizes! Como, então, falar de amor ou de relacionamentos amorosos hoje?  Amor é um tema que pode ser taxado de “careta” entre os jovens de hoje. A linguagem entre eles é “ficar”, “sair” ou “pegar”. É muito comum ouvirmos entre adolescentes: E aí pegou quantas ontem na balada?
Numa sociedade como a nossa, nos vimos obrigados a comprar objetos que não nos são necessários. Como colecionadores compulsivos, juntamos peças da moda e temos que comprar o tênis da onda senão somos excluídos do grupo, compramos o celular da moda e no dia seguinte um novo modelo é lançado e já ficamos ultrapassados. Portanto, como pensar a ideia de viver e amar alguém a vida toda? Como pensar na idéia de continuidade, permanência numa sociedade tão rápida e efêmera? Isso pode parecer impensável para seu filho ou sobrinho de 16 ou 17 anos. Como nos diz a psicanalista Malvine Zalcberg, “todo o discurso que se assemelha ao capitalismo deixa de lado tudo o que chamamos das coisas do amor. Os sujeitos contemporâneos desconhecem a diversidade e a particularidade de sua relação com o outro. (...) O homem vive em nosso tempo enredado no dilema entre a necessidade de ser querido e o desejo de manter-se livre.”
Temos que pensar que o amor leva tempo para se constituir, é um processo e significa renúncia. Ele não é um produto de uma experiência que acontece à primeira vista, nem uma sensação ou uma fantasia, o amor pertence à vida real, exige ações decisivas e comportamentos concretos. Independentemente da época em que vivemos, o desejo de amar e de encontrar um parceiro amoroso é universal entre homens e mulheres.

domingo, 30 de maio de 2010

sábado, 22 de maio de 2010

Words Hurt (Palavras machucam) - Bullying Commercial



Bullying caracteriza-se por comportamentos agressivos que ocorrem em ambiente escolar praticados por meninos e meninas.  Pais, educadores, psicólogos, assistentes sociais, pediatras devem estar bastante atentos para mudanças de comportamento de seus filhos, alunos e pacientes. Crianças e adolescentes vítimas de bullying podem apresentar irritabilidade, baixo rendimento escolar, passam a não querer ir à escola, tem insônia, depressão, pânico e em casos mais graves, como os acontecidos nos Estados Unidos, cometem suicídios e homicídios. Tanto o agressor como o agredido precisam de ajuda psicológica e é preciso que seus pais e a escola estejam bastante atentos. Pais devem procurar sempre a escola a fim de construírem uma parceria, onde o diálogo seja sempre aberto. É preciso que a escola fomente um clima de cooperação, tolerância e respeito que começa na sala de aula, no contato entre professor e aluno, passando pelos funcionários da escola e indo até a direção da mesma.  Adolescentes agressores comumente são crianças que são submetidas a uma educação onde faltam limites, onde seus pais estão ausentes e desatentos. Será na escola que seu comportamento agressivo vai se expressar e sempre direcionado a colegas que fogem aos padrões estabelecidos pela sociedade, com menos poder e sem capacidade de reação. Precisamos, nós, pais e educadores, construir ferramentas que estimulem o diálogo, a construção de vínculos afetivos, a escuta generosa, a disponibilidade de tempo a fim de que uma sociedade mais justa se forme, constituída por adultos éticos e solidários. Isso começa no berço!

quarta-feira, 12 de maio de 2010

GRANDE ANIVERSÁRIO: A PÍLULA FAZ 50 ANOS !

Uma grande amiga nossa está fazendo aniversário! Parabéns para ela: a pílula anticoncepcional. Muitas de nós não temos ideia do que isso significou para as mulheres na época e para os homens também. Grande invenção do início dos anos 60, a pílula revolucionou a vida de todos, suas sexualidades e seus relacionamentos em geral. Ela separou desejo de maternidade. Conversando com uma amiga de 60 anos que pegou a época da pílula, mas só era vendida com receita, ela declara que só se casou virgem pelo medo de engravidar, pois o desejo, claro que existia e quanto desejo! Hoje podemos programar quando ter filhos e se queremos tê-los. É possível aliar carreira e maternidade, é possível controlar nossa fertilidade. É tempo de festejar!

terça-feira, 11 de maio de 2010

SÃO TANTAS COISINHAS MIÚDAS

Olha o que achamos nas nossas pesquisas na net, esse artigo da revista Marie Claire é de 2000, no entanto super atual.
http://marieclaire.globo.com/edic/ed108/rep_detalhe1.htm

quinta-feira, 8 de abril de 2010

O exercício da paternidade
        Analisando a participação do homem na criação de seus filhos, verificamos que ela vem mudando. Na época tradicional, o homem era simplesmente o provedor, distante e indiferente na relação com seus filhos. A criação destes era pura responsabilidade da mulher. Já na era moderna, começamos a ouvir falar de ausência do pai e suas conseqüências na vida emocional de seus filhos.
Hoje, várias pesquisas já apontam a importância crucial para a criança da convivência com adultos de ambos os sexos.  De acordo com perspectiva desenvolvida por Fein (1978), as únicas funções das quais os homens estão excluídos são a gestação e a amamentação. Segundo este autor, os pais mostram-se extremamente capazes de oferecer carinho e atenção a seus filhos na ausência de suas mães. 
Um novo pai se anuncia! Estudos comprovam sua maior participação no dia a dia familiar e especialmente no cuidado de seus filhos. Podemos perguntar, então: O que um homem/pai quer?
Autores que pesquisam este tema dizem que eles querem mais diálogo e intimidade, mas são preocupados, mais que as mulheres, com suas responsabilidades em relação aos filhos.  Parece que é preciso uma reconstrução do que se define como homem para se chegar neste novo pai. Através da flexibilização da imagem do homem, que diz que ele não pode chorar, não pode ser frágil, etc, é que pais poderão aproximar-se de seus filhos, exercendo uma paternagem afetiva e, não só, provedora. E, mulheres, por favor, não atrapalhem seus companheiros, juntem-se a eles nesta viagem !

quarta-feira, 10 de março de 2010








Homens e Mulheres: um novo território!
Depois de uma temporada de férias voltamos ao blog com força total. Ontem, meu enteado querido reclamou que não havia nada no blog sobre o Dia Internacional da Mulher. Ele entrou no blog “sedento” de algum artigo e nada !!!! Então aí vamos nós!
Desde a revolução feminista que separou a reprodução da sexualidade, passando pela entrada da mulher no mercado de trabalho efetivamente, tentamos costurar alguma história.  Hoje, homens e mulheres se esbarram nos corredores das empresas e nas cozinhas de suas casas. 
Com a célebre frase “Ninguém nasce mulher: torna-se mulher”, Simone de Beauvoir discute o peso de “nascer uma mulher”, deslocando o eixo não mais sobre a natureza e sim sobre escolhas que qualquer sujeito faz em sua vida, podendo tornar-se o que quiser, até uma mulher. Nos sécs. XVIII e XIX, a mulher era vista como “frágil dos nervos”, possuidora de um “cérebro menor”, “naturalmente” inferior ao homem, cabia-lhe a ocupação do espaço privado do lar. Todo o script montado: de filha à esposa e mãe. Repetia-se como algo ideal, nos tempos coloniais, que havia três ocasiões em que a mulher poderia sair do lar durante toda a sua vida: para se batizar, para se casar e para ser enterrada.
 Segundo alguns autores psi, estamos num tempo que nem é mais de total dominação masculina, nem tampouco de total indiferença. Uma nova construção do feminino se anuncia! Mas machos de plantão, tenham calma! Não queimaremos mais sutiãs e continuaremos tendo filhos, porém em menor quantidade! Entretanto, aquele modelo de dominação masculina não nos serve mais, nem às mulheres e nem aos homens. Homens não querem mais mulheres donas de casa, que não contribuam com as despesas de casa, nem mães que só pensem nos filhos e os deixem de lado. Hoje, um novo espaço se constrói a fim de pensarmos o masculino e o feminino.
Hoje, um novo território de constitui, que nos faz pensar a relação do feminino e do masculino, sem papéis naturalmente estabelecidos, deixando nós, homens e mulheres, mais livres para transitarmos por onde queremos e podemos. Pesquisas já mostram que, em casos de casais com filhos, o número de horas dedicadas, por homens "chefes de família", aos afazeres domésticos, aumentou entre 2001 e 2005, passando de 8,8 horas semanais para 9,6. Ainda assim, o tempo das mulheres nessas atividades corresponde a mais do que o triplo do observado para os homens - 29 horas. Mas muita coisa já mudou!