quarta-feira, 2 de fevereiro de 2011

Psicoterapia: um caminho para o autosuporte.


A palavra autonomia, etimologicamente deriva de ser “autogovernante”. Ser autônomo significa agir de acordo com o próprio ser, sentir-se livre e volitivo em suas ações. Quando autônomas, as pessoas estão inteiramente dispostas a fazer o que estão fazendo e elas abraçam a atividade com senso de interesse e comprometimento. Por outro lado, ser controlado significa agir por estar sendo pressionado. Seu comportamento não é expressão de seu ser e essas pessoas tornam-se alienadas.

O que é preciso para que busquemos nossa autonomia? Para ser autônomo, você precisa ser autêntico, para ser autêntico, você precisa integrar várias partes de seu self e para tal, precisa se conhecer bastante.

O processo psicoterápico tem um objetivo ético, no sentido de transformar seres controlados em seres autônomos. Ao invés de seres alienados, seres autênticos. O maior desafio do psicoterapeuta, na relação com seu cliente, é o de favorecer essa transformação, já que ele também é um indivíduo inserido numa sociedade que tenta adequá-lo e submetê-lo a regras externas. A relação psicoterápica por si só já deve ser uma relação transformadora, no sentido de permitir que os dois seres em relação sejam livres e espontâneos em seus jeitos de ser-no-mundo.

Muitos preconceitos existem em relação ao processo de psicoterapia. Um deles diz que pessoas em terapia ficam egoístas e solitárias. Mas, pesquisas revelam justamente o contrário. Quando as pessoas entram em contato consigo próprias sentem-se mais livres e mais autênticas (nem por isso, menos responsáveis), daí poderem se relacionar de forma mais madura com as outras pessoas. Quando não sabemos quem somos, nos relacionamos de forma “escamoteada”, não revelando ao outro nosso self, porque nem nós o conhecemos.

Edward Deci é Ph.D em Psicologia e estuda há vinte e cinco anos conceitos como autonomia, autenticidade, liberdade e self. Segundo ele, todos os relacionamentos, até mesmo os mais íntimos, são permeados por uma luta incessante para sermos quem queremos ser. Estamos sempre brigando entre a autonomia e o controle, entre escolha e submissão, entre autenticidade e alienação.

Pessoas em posição de superioridade sejam elas pais, professores, médicos, psicoterapeutas etc devem repensar suas posições. Enquanto terapeutas, estamos submetendo os outros ou estamos criando condições nas quais o outro se sinta motivado? Segundo Deci, “a escolha é a chave para a autodeterminação e a autenticidade”. Precisamos esquecer a ideia de que motivação é algo dado pelo outro. Enquanto psicólogos clínicos, nossa tarefa é ajudar o outro a descobrir se suas escolhas e ações são autodeterminadas e fazem sentido para si e isso já é bastante trabalho!



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